Agora nóis pode falar errado

Curiosidades
Ivone Gomes - Agora nóis pode falar errado
Ivone Gomes – Imagem do seu álbum no Facebook

 

Por Ivone Gomes

 

Nóis brasileiro temos que aprender a escrever e falar errado, porque quando nóis fala certo perto de quem fala errado nóis é preconceituoso. Quando nóis estuda e aprende português, nóis fere a burrice de quem tem preguiça e falta de interesse em aprender. Essa é nova visão criada no seio da cúpula de “educadores” do MEC (Ministério da Educação) que ditam as regras para o ensino brasileiro.

Um novo livro didático adotado no governo do PT ensina o aluno do ensino fundamental a usar a “norma popular da língua portuguesa”.  O volume Por uma vida melhor, da coleção Viver, Aprender (editora Global) diz que é normal ignorar as normas aplicadas anos a fio no País em unidades de ensino das redes pública e privada. Os autores da matança da língua portuguesa usam a frase “os livro ilustrado mais interessante estão emprestado” e justificam que, na variedade popular, o fato do artigo “o” estar no plural já indica tratar-se de mais livros. Para eles, também não há problema em falar “nós pega o peixe”.

A edição foi distribuída pelo Programa Nacional do Livro Didático para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) a quase meio milhão de alunos de 4.236 escolas, depois que o Governo Federal entendeu o quanto é importante falar errado para evitar o que prontamente o PT chamou de preconceito lingüístico. O programa que se notabilizou como um dos melhores do mundo no governo Itamar Franco acaba de ir pras cucuias, graças à visão unilateral adotada dentro de um Ministério que jamais deveria primar pelo populismo de uma linha político partidária.

Foi preciso viver para ver a política inserida diretamente na educação, não para melhorar, mas para obter vantagens nos discursos de palanques que serão formados em 2014. Explico. O governo do PT precisa desconstruir as pesquisas da Unesco (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura) que coloca o Brasil na 88ª posição do ranking na análise educacional feita em 127 países. Estamos comendo poeira atrás do Uruguai, Argentina, Chile, Equador e até Bolívia. O documento da Unesco mostra que mais de 14 milhões de brasileiros são analfabetos, muitas crianças estão fora das salas de aula e orienta para um programa de aceleração de inclusão. O discurso do PT, no comando do País há quase uma década, é de que o Brasil nunca investiu tanto em educação. As pesquisas provam que não investiu o suficiente e agora é preciso correr contra o tempo em um setor que só apresenta resultados a longo prazo.

Seguimos, nós brasileiros, nessa política do tapar o sol com a peneira. Quando o governo, por incompetência, não consegue resolver um problema cria subterfúgios. Neste caso, já que os professores são mal remunerados, desmotivados, as escolas capengas, a didática obsoleta e, por isso os alunos não aprendem corretamente a matéria, basta transformar o errado em certo e dizer que não se trata do Português certo ou errado, mas do adequado e inadequado que visa coibir o preconceito lingüístico. Ou, sejamos burros, mas que nossa burrice esteja oficializada e politicamente correta.

Há conseqüências para esse (agora se pode dizer este) assassinato da Língua Portuguesa. Se por um lado pode evitar a evasão escolar – no rol de justificativas do MEC – por outro aumenta a estatística de analfabetos funcionais, que hoje ultrapassa a casa dos 17 milhões de brasileiros com idade superior a 15 anos, e, principalmente, diminui sobremaneira as oportunidades do pobre no ingresso em boas universidades, já que nos vestibulares e ENEN´s da vida “nós pega o peixe” não será considerado correto.

Disse Arnaldo Jabor, em uma de suas crônicas, que o PT quer oficializar a língua do ex-presidente Lula. E não seria tão absurdo chegar à conclusão de que o Partido dos Trabalhadores quer mesmo criar ninhos e seguidores. Para quem não sabe os atuais livros de história, aprovados e distribuídos pelo MEC, criticam veementemente Fernando Henrique Cardoso e colocam Lula como salvador do Brasil. É a dita lavagem cerebral, que se não coibida, vai levar esse País a uma oligarquia sem precedentes.

 

Ivone Gomes é editora do Rondoniagora  / Encontrei no Facebook da Lucy Croft


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