Prosseguindo com o assunto do último post aqui veremos, segundo Philip Zimbardo, os sete processos sociais capazes de tornar uma pessoa mais suscetível a cometer algum tipo de maldade.
1. Dar o primeiro pequeno passo sem pensar: normalmente algo quase insignificante, mas que abre as portas para abusos cada vez maiores e que, quando aumentado pouco a pouco, não se percebe o resultado final. Como um choque de 15 volts.
2. Desumanização do outro: é mais fácil fazer mal a alguém quando não se vê ou não se sabe quem é essa vítima. Os prisioneiros de Stanford não se chamavam John ou Peter, mas 416 e 325.
3. Desumanização própria: quando se está anônimo numa multidão, sua maldade é diluída entre os demais. O antropólogo R. J. Watson estudou 23 culturas em seus processos de ir à guerra. Dos oito povos que iam para a batalha sem pinturas ou ornamentos específicos, apenas um tinha alto grau de violência, isto é: torturavam, mutilavam e/ou matavam seus inimigos. Mas dos outros quinze que mudavam a aparência (ou se escondiam atrás de óculos escuros espelhados e uniformes padronizados), tornando-se anônimos, doze matavam e mutilavam. Ou seja, dos que matavam e mutilavam, 12 entre 13 mudavam a aparência. Mais de 90%.
4. Difusão da responsabilidade pessoal: quando um criminoso é linchado, a culpa é da multidão e não dos socos e pontapés individuais. Mais do que a covardia do grupo, representa a diluição da culpa.
5. Obediência cega à autoridade: como demonstrado por Milgram, a autoridade também funciona como pára-raios para atribuição de culpa de quem apenas executa ordens.
6. Adesão passiva às normas do grupo: odiar a torcida adversária faz parte do ritual de vestir o uniforme do seu time – mesmo que o seu irmão esteja do outro lado da arquibancada. Mesmo que você odeie uma pessoa que nunca viu apenas por causa das cores que ostenta.
7. Tolerância passiva à maldade através da inatividade ou indiferença: muitas vezes o indivíduo não é o responsável direto pela maldade, mas permite, inabalável, que ela seja praticada.
Quando essa cadeia de eventos ocorre numa situação que não lhe é familiar, ou seja, onde seus habituais padrões de resposta não funcionam, você está pronto para perpetrar o mal – e nem se dará conta disso. Sua personalidade e princípios morais já estarão desligados.
O autor explica que a chave para tal comportamento está na situação em que a pessoa se encontra e na enorme influência que ela tem sobre os indivíduos. O sistema formado pelo conjunto de bases acadêmica, cultural, social e política do indivíduo cria as situações que haverão de corrompê-lo.
No Experimento de Stanford, os papéis de guardas e prisioneiros faziam parte do repertório dos voluntários. Assim que os sorteios foram realizados, cada um encaixou-se ao seu papel automaticamente, de acordo com os estereótipos pré-concebidos.
Para mudar uma pessoa, prossegue, você tem que mudar a situação. E se quer mudar a situação, precisa entender em que parte do sistema está o poder. É necessário identificar e remover do ambiente o elemento dessa equação determinante para que o voluntário assuma o seu papel de guarda sádico – e mantenha-se nele.
Nos mais de trinta anos durante os quais estudou o tema, sua pergunta básica era: o que faz as pessoas agirem de forma errada? Suas conclusões são espantosas, ainda que simples e intrigantes, porque banais.
Imagine que alguém lhe pergunte: “vamos eletrocutar alguém hoje?” Dez anos antes de Zimbardo, Stanley Milgram provou que, uma vez colocados nas condições apropriadas, 65% dos voluntários fritariam pessoas inocentes, as quais nunca viram mais gordas.
Milgram estudou, no entanto, o poder de uma autoridade individual. Zimbardo avaliou, por sua vez, a influência de uma instituição. Trata-se, no final das contas, de um estudo sobre o poder da instituição. E a maioria de nós está dentro de uma instituição a maior parte do tempo.
Discordo em parte da conclusão de Zimbardo quanto à instituição ser a causa determinante. Pessoas que tenham a consciência desenvolvida não deixarão extravasar seu lado sombrio, independente de quão forte seja a influência do grupo ou de uma instituição. A “maldade” só virá à tona ou ocorrerá como manifestação da “hipnose” em que vive a maior parte da humanidade e da falta de consciência mais expandida.
Na medida em que desenvolvemos nossa consciência o lado sombra começa a ser administrado, diminuindo e por fim extinguindo essa capacidade tão humana de fazer mal ao outro e também a si mesmo.
[ ORIGINALMENTE PUBLICADO NO BLOG EXPANSÃO DE CONSCIÊNCIA ]
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