Cooperativas de ônibus têm ligações com o PCC, indicam investigações

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Há 16 anos, surgiram os primeiros indícios de ligação entre as cooperativas e a organização Primeiro Comando da Capital

 

 

SÃO PAULO – Desde 2003, quando o sistema de transporte público de São Paulo foi reestruturado, os antigos perueiros se transformaram em membros de cooperativas de ônibus e, já no mesmo ano, surgiram os primeiros indícios de ligação entre as cooperativas e a organização Primeiro Comando da Capital (PCC). Naquele ano, um coordenador de cooperativa foi preso, depois de grampos telefônicos apontarem sua ligação com o tráfico de drogas. Mas a mistura entre crime organizado e transporte público estava longe do fim.

Relembre cinco fatos que indicam ligação entre o setor de transportes e o PCC:

 

MORTE DE DONOS DE LINHAS

Três pessoas foram mortas em junho de 2005 durante o que foi, para a polícia, uma disputa pelo controle da linha Santo Amaro/Jardim Luso. As vítimas foram os coordenadores da linha, Roberto Carlos Santos Campos, de 38 anos, e André Jacinto dos Santos, de 26, além do perueiro Marcos Rodrigues de Oliveira, de 27. Foi um crime premeditado. Eles foram sequestrados em pontos diferentes da cidade e levados para uma casa na Favela Ingaí, região do Jardim Miriam, zona sul.

 

FRAUDE NO BILHETE ÚNICO

Uma ação do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e da São Paulo Transporte (SPTrans) descobriu, em março de 2006, um golpe para fraudar o bilhete único, o chamado “golpe da coruja”. Bilhetes únicos eram validados em ônibus parados, criando um faturamento indevido a veículos da extinta Cooperativa Aliança Paulista. O esquema servia para lavar dinheiro para a facção, segundo a polícia.

 

REUNIÃO COM POLÍTICO

Durante uma investigação da Polícia Civil, em março de 2014, grampos indicaram que integrantes do PCC se reuniriam com líderes perueiros. A investigação apurava ataques contra ônibus da cidade – as lotações eram sempre poupadas. Quarenta e duas pessoas foram averiguadas. Entre os flagrados no encontro, estava o então deputado estadual Luiz Moura, na época do PT. Da corrente PTLM (PT de Luta de Massas), a mesma do secretário de Transportes Jilmar Tatto, Moura terminou expulso do partido. Ele e seu irmão, o vereador Senival Moura, tinham nos perueiros sua principal base política.

 

Relembre cinco fatos que indicam ligação entre o setor de transportes e o PCC
Relembre cinco fatos que indicam ligação entre o setor de transportes e o PCC

 

LAVAGEM DE DINHEIRO

Em outubro de 2014, 11 anos depois do surgimento dos primeiros indícios de que o PCC usa as lotações para lavar dinheiro, as primeiras duas pessoas suspeitas de operar esse crime foram denunciadas pelo MP. Eram Geralda Jorge da Silva e Marcos Paulo Vidal de Castro. “Os valores originários do tráfico foram dissimulados por meio de investimentos feitos em vans, que circulavam em linhas da Coopertranse no transporte coletivo alternativo, especificamente na linha da Vila Ema (zona leste de São Paulo)”, diz a denúncia. A Coopertranse não opera mais

 

CARTA DOS LÍDERES

No mesmo ano de 2014, foi divulgada uma carta entre dois dos líderes máximos da facção criminosa: Roberto Soriano, o Tiriça, e Daniel Vinicius Canônico, o Cego. Eles negociavam a transferência de uma lotação de um para o outro. A carta foi escrita por Tiriça. Ele dizia ser necessário “acelerar” pessoas na São Paulo Transporte (SPTrans) e nas cooperativas para facilitar a transação.

 

INVESTIGAÇÃO PARADA

Em maio de 2015, o assassinato de uma testemunha e o espancamento de outra paralisaram a investigação da Promotoria de Justiça de Defesa do Patrimônio Público e Social da capital – braço do Ministério Público encarregado de investigações não criminais – sobre a transformação das cooperativas em empresas de ônibus, por meio de fraude. O objetivo da mudança seria permitir que elas participem da disputa por uma licitação planejada pelo prefeito Fernando Haddad (PT) para o transporte.

 

 

Fontes : Jornal Flit Paralisante , jornal O Estado De São Paulo (cache do Google) , revista Veja aqui e aqui.

Foto da capa por Caio Palazzo/VEJA


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