10/07/2020 — João Carlos é professor de História há 20 anos. Trabalha na rede de ensino pública e privada no município de São José dos Campos e por ser de direita é “persona non grata” entre professores e alunos esquerdistas.
Neste vídeo, ele disserta sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, que derramou o sangue de paulistas nos campos de batalha em defesa da liberdade e da constituição, contra o ditador Getúlio Vargas.
Assista ao vídeo:
A REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA DE 1932
- A POLÍTICA CAFÉ COM LEITE
Presidentes da República oriundos dos Estados de São Paulo (Maior produtor de café do Brasil) e Minas Gerais (Com grande produção de leite devido ao grande número de gado leiteiro) que se alternavam em mandatos de 4 em 4 anos.
Os Partidos dos presidentes da república “Café com Leite” eram o PRM – Partido Republicano Mineiro e o PRP – Partido Republicano Paulista.
As oligarquias dos demais Estados dominavam seus “currais eleitorais” através do “voto cabresto” de forma regional. Utilizavam de seu poder local como “Coronéis” (principalmente no nordeste) e Caudilhos (na região sul). Essas oligarquias mantinham-se longe do poder federal executivo.
As principais oligarquias periféricas eram:
- Oligarquia Gaúcha (RS) , liderada por Getúlio Vargas, era composta por grandes fazendeiros (estancieiros) criadores de gado de corte, que produziam o charque.
Oligarquia Nordestina (diversos Estados), não possuíam liderança única, porém era composta por políticos tradicionais na região.
- O PROCESSO ELEITORAL E O GOLPE DE 1930
A década de 1920 foi intensa em crises políticas e econômicas, dentre elas destacam-se:
- As revoltas tenentistas (movimento liberal dentro das forças armadas contrárias as oligarquias dominantes e com uma agenda liberal na economia e democrática na política, propunham uma nova constituição e voto secreto).
A Coluna Prestes – Comandada pelo militante comunista Luiz Carlos Prestes, consistia em uma coluna militar que percorreu 7 estados brasileiros durante quase 3 anos tentando conscientizar os camponeses a fim de realizarem uma revolução comunista. Propunham como ação imediata a deposição do Presidente Arthur Bernardes, ensino público gratuito e obrigatório e voto secreto. Agiram entre os anos de 1924 e 1927, perderam sua força e se refugiaram na Bolívia chegando lá com um terço de seu contingente.
Em 1929, aconteceu a Queda da Bolsa de Valores de Nova Iorque, que gerou uma crise mundial, chamada de “A Grande Depressão”, no Brasil atingiu principalmente as exportações de café e arruinou economicamente a oligarquia cafeeira paulista. O café representava 70% das exportações brasileiras.
O Presidente da República, Washington Luís (representante da oligarquia cafeeira) tinha que indicar um político mineiro (Antonio Carlos) para sucedê-lo. Contudo rompeu com a Política Café com Leite e indicou o advogado paulista Júlio Prestes como candidato do PRP. O presidente temia que sua sucessão para outro político fora da oligarquia cafeicultora, provavelmente não daria a devida atenção a questão do Café.
Sentindo-se traídos, os mineiros liderados por Antonio Carlos uniram-se as demais oligarquias periféricas que almejavam quebrar a hegemonia política federal paulista, deste modo foi formada a Aliança Liberal (AL), composta pelas oligarquias do Rio Grande do Sul, chefiada pelo político Getúlio Vargas, e a Oligarquia Paraibana, liderada pelo político João Pessoa.
Nas eleições que se realizariam no dia 1º de março de 1930, formaram-se duas chapas:
- PRP – Candidato Júlio Prestes
AL – Candidato Getúlio Vargas (Vice João Pessoa)
As eleições aconteceram na data marcada, o candidato do PRP foi o vencedor com uma pequena margem de votos sobre Getúlio Vargas. Logo a AL acusou as eleições de fraudulentas, pois o povo demonstrava em manifestações populares a vontade de renovação política e provavelmente dariam a vitória a AL e seu candidato. Contudo, não puderam insistir na alegação de fraude, pois eram prática comum nas eleições em todas as instâncias de poder.
Um fato aconteceu e mudou toda a retórica de não aceitação do resultado das eleições: o candidato da AL, João Pessoa foi assassinado na Paraíba por disputas regionais, porém, logo foram capitalizadas por Getúlio Vargas que acusou o PRP de crime político. Esta manipulação exacerbou o povo que realizou diversos e numerosos protestos em diversas capitais. Com o apoio formal do movimento tenentista Getúlio decidiu-se pela deposição do Presidente da República. Escoltado por militares partiu de trem para o Rio de Janeiro sendo recepcionado por tropas comandadas pelos tenentes. Em 24 de outubro de 1930, Washington Luís foi deposto e Getúlio Vargas assumiu a presidência da República em caráter provisório, constituía-se assim, o GOLPE de 1930, colocando fim à República Velha (1891-1930) e a Constituição de 1891, que foi anulada.
Getúlio Vargas passou a governar por decretos, dissolveu o congresso nacional, as assembléias estaduais e as câmaras municipais. Também destituiu todos os Governadores de Estados (chamados de Presidentes de Estados) e os cargos foram assumidos por Interventores (tenentes).
O compromisso assumido pela aliança liberal era convocar novas eleições em 6 meses e instalação de uma Assembléia Nacional Constituinte. Porém, Getúlio Vargas não cumpriu as promessas demonstrando sua face ditatorial e frustrando assim as demais oligarquias que se sentiam traídas.
A oligarquia cafeeira e o povo de São Paulo sentiam-se especialmente prejudicados, pois a crise econômica causava grande desemprego e miséria crescente. Vários protestos contra o Governo Provisório aconteceram na cidade de São Paulo, a situação piorou muito com a escolha de um interventor pernambucano para a Presidência do Estado, era o tenente João Alberto Lins de Barros.
Os ânimos em São Paulo deterioravam qualquer forma de aceitação da situação. Em uma das grandes manifestações de protestos, estudantes se dirigiram até a sede do Partido Popular Paulista ameaçando de depredar o local. Getúlio ordenou que forças federais abrissem fogo contra os manifestantes usando fuzis e granadas. Este fato, comprovado por relatos de sobreviventes e corroborado por jornalistas que acompanhavam os acontecimentos, culminou com centenas de feridos graves e 4 mortes de estudantes , Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, os nomes destes mártires formaram o acrônimo MMDC ,que se tornou o nome do movimento revolucionário paulista.
Os cafeicultores financiaram as tropas paulistas e iniciaram uma grande campanha legalista de alistamento voluntário. Foram 200 mil pessoas alistadas voluntariamente e 50 mil soldados da Força Pública do Estado.
A Revolução Constitucionalistas de 1932 teve início no dia 9 de julho. A estratégia era as tropas constitucionalistas marcharem pelo Vale do Paraíba em direção aos Distrito Federal (Guanabara) no centro da Cidade do Rio de Janeiro. Lá deporiam Getúlio.
Como diversos Estados acenavam com apoio à causa Constitucionalista, as tropas poderiam cumprir o plano sem se preocuparem com a retaguarda, pois os Estados apoiadores cuidariam da defesa. Todavia, isso nunca aconteceu; as tropas de apoio nunca chegaram. Os paulistas lutaram sozinhos bravamente numa luta encarniçada em três frentes principais: Vale do Paraíba, Serra da Mantiqueira e Divisa com o Paraná.
Foram quase três meses de sangrentas batalhas, as tropas federais contavam com mais armamentos e munições e usaram a tática de asfixia do inimigo, ou seja, impediam de chegar matéria-prima e produtos em São Paulo através de estradas, ferrovias e portos. Logo, São Paulo rendeu-se no dia 02 de outubro de 1932. Foram milhares de mortos dos dois lados.
A Revolução Constitucionalista de 1932, deixou como legado indelével a bravura e defesa da liberdade e da ordem constitucional dos paulistas.
Em homenagem aos mortos na Revolução, foi construído o Obelisco do Ibirapuera onde fica o Mausoléu MMDC, onde os 4 mártires iniciais estão sepultados e onde são depositadas as cinzas dos combatentes mortos durante a revolução e posteriormente a ela.
O dia 09 de julho foi promulgado como feriado estadual e é a data máxima do calendário do Estado de São Paulo.
Logo após, ao fim da Revolução, Getúlio Vargas tentando se reaproximar aos cafeicultores, convocou a Assembléia Constituinte em 1933 e em 1934 elaboraram a Constituição de 1934, garantido diversos pontos exigidos pelos paulistas.
Bibliografia:
Livro: O Movimento Constitucionalista
Autor: Pedro Calmon
Livro: A Revolução Paulista
Autor: Menotti Del Picchia
Livro: A Revolução de 32
Autor: Hernani Donato
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