[VÍDEO] A diabólica relação entre Nosferatu e o Nazismo

[VÍDEO] A diabólica relação entre Nosferatu e o Nazismo

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A infame autobiografia de Hitler, Mein Kampf, compara os judeus a vampiros – com o consumo de sangue e a aversão à luz solar

 
 

Introdução ao Filme Nosferatu

Lançado em 1922 e dirigido por F.W. Murnau, “Nosferatu” é uma obra seminal do cinema expressionista alemão. Este filme é uma adaptação não autorizada do romance “Drácula” de Bram Stoker, o que levou a questões legais que quase resultaram na destruição de todas as cópias. A trama básica acompanha a história de Thomas Hutter, um agente imobiliário que viaja para a Transilvânia para visitar o Conde Orlok, um vampiro que deseja se mudar para a cidade de Wisborg. Orlok, interpretado magistralmente por Max Schreck, é um ser de aparência grotesca, cuja presença sinistra e ameaçadora permeia todo o filme.

Os personagens principais incluem Ellen, a esposa de Hutter, e o próprio Conde Orlok, cuja figura se tornou icônica no gênero do terror. A atmosfera sombria e os visuais inovadores, como o uso de sombras e a manipulação da luz, são características marcantes de “Nosferatu“. Esses elementos ajudaram a estabelecer o filme como um clássico do cinema de terror e um exemplo paradigmático do expressionismo alemão, um movimento artístico que utilizava a distorção visual e a estilização para expressar emoções intensas e estados psicológicos.

Nosferatu” não apenas deixou uma marca indelével no cinema de terror, mas também refletiu as ansiedades culturais e sociais da Alemanha pós-Primeira Guerra Mundial. A representação do conde Orlok como uma força sinistra que ameaça a sociedade pode ser vista como um espelho das inquietações da época. A maneira como o filme utiliza a manipulação das massas através da atmosfera de medo e a propagação de uma figura malévola prefigura, de forma sombria, as estratégias que seriam adotadas pela propaganda nazista anos mais tarde. Assim, “Nosferatu” é mais do que um filme de terror; é um artefato cultural que oferece insights profundos sobre seu tempo e espaço.

 

O Contexto Histórico da Alemanha Pós-Primeira Guerra Mundial

A Alemanha pós-Primeira Guerra Mundial estava imersa em um período de tumulto econômico e social sem precedentes. A assinatura do Tratado de Versalhes em 1919 impôs pesadas reparações de guerra à Alemanha, contribuindo para uma crise econômica devastadora. A República de Weimar, estabelecida logo após a guerra, enfrentava uma enorme instabilidade política, com frequentes mudanças de governo e a ascensão de movimentos extremistas.

Essa época contém uma série de paralelos misteriosos com o mundo contemporâneo, à medida que lutava com o impacto da pandemia de gripe de 1918 e as sementes do fascismo começavam a germinar.

O cenário econômico era igualmente sombrio. A hiperinflação atingiu níveis alarmantes, desvalorizando a moeda alemã e levando muitos cidadãos à pobreza extrema. As poupanças de uma vida inteira se evaporaram praticamente da noite para o dia, criando um clima de desespero e desilusão. As taxas de desemprego dispararam, aumentando ainda mais o sentimento de desesperança entre a população.

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Nosferatu, de 1922

Esse ambiente de instabilidade e incerteza forneceu um terreno fértil para o surgimento de ideologias extremas, incluindo o nazismo. O Partido Nazista, liderado por Adolf Hitler, capitalizou o descontentamento generalizado, prometendo restaurar a glória da Alemanha e responsabilizar os judeus e outras minorias pelos problemas do país. A manipulação das massas através de propaganda nazista tornou-se uma ferramenta poderosa para galvanizar apoio ao regime.

Os filmes eram um novo meio de comunicação naquela altura – não muito diferente da Internet – e os próceres de má-fé reconheceram o papel fundamental que este poderia desempenhar na propaganda.

O cinema expressionista alemão, do qual ‘Nosferatu‘ é um exemplo icônico, refletia e amplificava os sentimentos de ansiedade e medo que permeavam a sociedade. Os filmes desse movimento frequentemente exploravam temas de escuridão, caos e perturbação, ressoando com o público que vivia em um estado constante de incerteza. ‘Nosferatu‘, com suas imagens sombrias e atmosfera opressiva, pode ser visto como um espelho das angústias e temores da época, capturando a essência de uma sociedade à beira do colapso.

O mito do vampirismo sempre esteve repleto de antissemitismo, brincando com o medo da alteridade e da difamação de sangue (uma mentira antiga e completamente desacreditada de que o povo judeu “bebe sangue cristão”) em suas imagens. O romance original de Bram Stoker, Drácula, estava repleto disso, apresentando seu famoso conde como um imigrante do Leste Europeu que chega a Londres para espalhar o vampirismo e a corrupção. Isso inclui seduzir as duas protagonistas femininas do romance – ambas mulheres brancas – para que se tornem suas noivas e uma linha problemática envolvendo a terra em suas caixas, que cheira à “velha Jerusalém”, informa o site CBR.

“As várias adaptações do romance muitas vezes procuram minimizar o seu anti-semitismo, com sucesso misto, como observado em The Forward e em inúmeras outras fontes. O famoso Conde de Bela Lugosi no Drácula de 1931 , por exemplo, usa uma estrela de seis pontas como medalhão – evocativo da Estrela de David – enquanto o Conde de Gary Oldman na versão de Francis Ford Coppola de 1992 apresenta o Conde alimentar suas noivas com um bebê: um eco da mentira da difamação de sangue”, coteja o crítico de cinema Rob Vaux. “Nenhum dos filmes é considerado antissemita (a versão de Coppola especifica que ele é um cavaleiro cristão caído), e ainda assim ambos demonstram a dificuldade em extrair esse fio sombrio do material original”, diz Rob.

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Conde de Bela Lugosi no Drácula de 1931 , usa uma estrela de seis pontas como medalhão – evocativo da Estrela de David

“Não há qualquer evidência de que Hitler tenha gostado ou mesmo visto Nosferatu – e ainda assim, Mein Kampf , publicado em 1925, faz múltiplas referências aos judeus como vampiros, sugadores de sangue e parasitas, bem como “aquela raça que evita a luz solar”. Estas e outras metáforas semelhantes foram adoptadas por seguidores como o ideólogo nazi Albert Rosenberg, que usou repetidamente termos quase biológicos para caracterizar os judeus como um bacilo vampiro que infectava o seu hospedeiro alemão. Depois que a guerra estourou, o tom ficou cada vez mais estridente, como no panfleto nazista de 1943, O Vampiro Judeu Traz o Caos ao Mundo”, diz um artigo no The Table.

A figura do Conde Orlok pode ser entendida como uma manifestação das ansiedades raciais e xenofóbicas que permeavam a Europa. Seu comportamento invasivo e sua natureza parasitária podem ser lidos como uma metáfora para as teorias conspiratórias sobre a presença de judeus na Alemanha, que eram frequentemente retratados pela propaganda nazista como uma ameaça interna que corroía a sociedade alemã. A aparência física de Orlok — com seu nariz adunco e dedos longos e finos — também reflete iconografias antissemitas comuns na época, que visavam desumanizar e demonizar os judeus.

Além disso, o uso de certos elementos visuais e narrativos em ‘Nosferatu‘ pode ser interpretado como um reflexo das ansiedades raciais e xenofóbicas que seriam posteriormente exploradas pelo regime nazista. A invasão do vampiro à terra natal do protagonista reflete os medos de contaminação e decadência cultural, temas que foram centrais na propaganda nazista. A iluminação sombria, a atmosfera opressiva e os cenários decadentes reforçam a sensação de ameaça iminente e desintegração social, criando um pano de fundo que ressoa com as narrativas de decadência racial e necessidade de purificação promovidas pelo nazismo.

Portanto, embora ‘Nosferatu’ possa ser inicialmente percebido como uma simples história de terror, uma análise mais profunda revela camadas de simbolismo que refletem as tensões sociais e raciais da época, fornecendo um vislumbre das ideologias que seriam instrumentalizadas pelo nazismo para manipulação das massas através da propaganda nazista.

 

Legado e Controvérsias Contemporâneas

O filme ‘Nosferatu‘, desde o seu lançamento em 1922, deixou uma marca indelével tanto no cinema quanto na cultura pop. É amplamente reconhecido como um dos marcos do cinema expressionista alemão, influenciando gerações de cineastas e se tornando um ícone do gênero de terror. A representação sombria e estilizada do vampiro, com seu visual inconfundível e atmosfera opressiva, continua a fascinar e aterrorizar audiências até os dias de hoje.

Estudar ‘Nosferatu‘ em um contexto contemporâneo envolve reconhecer tanto as intenções originais de seus criadores quanto as maneiras pelas quais o filme pode ser recontextualizado. A manipulação das massas através da propaganda nazista e suas táticas de desinformação sempre serão um pano de fundo importante para entender as complexidades da época em que o filme foi produzido. Embora não haja consenso definitivo sobre as supostas intenções antissemitas de ‘Nosferatu‘, a importância de examinar obras de arte dentro de seus contextos históricos é crucial para uma compreensão mais profunda de seu impacto e significado.

Entretanto, não há sinal de que os próprios cineastas fossem antissemitas ou tivessem tais planos em seus filmes. Na verdade, Nosferatu foi escrito por um judeu, Henrik Galeen (um especialista no estranho, cujos roteiros anteriores incluíam O Golem ) e o elenco incluía vários atores judeus, mais notavelmente Alexander Granach, que interpreta Knock, o escravo louco de Orlok, e que foi o principal ator judeu em Berlim. Geralmente apoiando a cultura judaica, Galeen esteve envolvido com a produção berlinense de 1922 da Vilna Troupe de The Dybbuk . Não há nenhuma sugestão de que o diretor F.W. Murnau, que não era judeu, fosse antissemita. Na verdade, o amor da vida de Murnau, o poeta Hans Ehrenbaum-Degele, morto na guerra, era filho de um banqueiro judeu”, informa o The Tablet.

Dessa forma, ‘Nosferatu‘ continua a ser objeto de estudo e reinterpretado, oferecendo insights valiosos sobre o poder do cinema como meio de expressão e reflexão. A obra permanece relevante, não apenas por suas contribuições artísticas, mas também pelas conversas críticas que provoca sobre a relação entre arte, propaganda e ideologia.
 
Assista ao vídeo abaixo:


 

Notas:

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Nosferatu, legendado em português: FILME ONLINE
 
 


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