Os advogados de João Doria entraram com uma ação em 2016 solicitando que a Justiça Eleitoral retirasse do ar páginas em redes sociais de um desafeto pessoal do tucano, o consultor de vinhos Elídio Lopes, sob a alegação de que ele fazia postagens ofensivas. Lopes escrevia em suas páginas, por exemplo, que Doria não era empresário, mas lobista.
A defesa do tucano fez a reclamação com pedido de liminar, buscando sua aplicação imediata, mas em duas decisões o juiz responsável, Danilo Barioni, negou as solicitações do tucano. “Não vislumbro com a clareza imaginada pelo representante [Doria] o conteúdo difamatório, criminoso”, escreveu o juiz.
“[Apenas a] exteriorização de pensamento de cidadão em páginas pessoais de redes sociais, de forma crítica e incisiva e com termos fortes, sem dúvida, mas que não parece extrapolar os limites constitucionalmente admitidos”, concluiu.
Lopes apresentava um programa sobre vinhos em um canal de TV e viveu, na época, um imbróglio com Doria, de quem diz ter sido muito próximo por mais de 20 anos. Ele dizia que Doria devia a ele o pagamento de US$ 84 mil por vinhos que ficaram armazenados na adega do tucano e que não foram devolvidos após solicitação.
“Eu não vou parar de postar. Não me sentiria bem de, depois de um ano indo para a rua, protestando para tirar o [Eduardo] Cunha, ficar calado e recuar sobre esse assunto”, afirmou Lopes.
Doria, por sua vez, alegou que era Lopes quem devevia R$ 43 mil a ele, mas não informa o motivo. Com o impasse, Lopes passou a fazer uma série de posts críticos a Doria em suas redes sociais. Além disso, ele postou uma série de fotos do tucano com personalidades petistas, como o ex-ministro da Casa Civil Jaques Wagner e a ex-presidente Dilma Rousseff.
“O João Doria não é administrador de sucesso como afirma. Não é empresário de sucesso também como afirma. João Doria Júnior apresenta empresários e executivos de multinacionais para prefeitos, governadores, deputados (…). Então, ele é um rico lobista de sucesso”, escreveu Lopes em sua página. Abaixo da mensagem, aparecia uma foto do tucano sorridente ao lado da ex-presidente Dilma.
Na ação judicial, a defesa de Doria afirma que Lopes usava as redes “ostensivamente para denegrir e humilhar o candidato” por meio de “imagens, textos e vídeos”.
Texto de DANIELA LIMA, da Folha de São Paulo
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