Diagnóstico de esquizofrenia e confinamento em hospital psiquiátrico! era uma das ferramentas de repressão da União Soviética

Diagnóstico de esquizofrenia e confinamento em hospital psiquiátrico! era uma das ferramentas de repressão da União Soviética

História Vídeo

 

Introdução: O Contexto Histórico da Repressão

Durante a era da União Soviética, especialmente sob o regime de Joseph Stalin, a crítica ao governo era severamente reprimida. A repressão política no país iniciou-se com a Revolução Russa de 1917, que resultou na queda do regime czarista e na ascensão do Partido Bolchevique. Liderados por Vladimir Lenin, os bolcheviques estabeleceram um estado de partido único, onde a autoridade era centralizada e qualquer oposição era considerada uma ameaça à nova ordem.

À medida que a União Soviética se consolidava, as medidas repressivas tornaram-se mais sistemáticas, principalmente sob o domínio de Stalin. A ideologia comunista, centrada na figura do líder, não admitia contestações. O governo soviético controlava rigidamente a narrativa pública através de censura massiva, propaganda estatal e a eliminação de vozes dissidentes. A máquina de repressão incluía uma vasta rede de informantes e agências de segurança estatais, como a temida KGB e seus predecessores, que tinham como missão identificar e neutralizar qualquer oposição.

Os métodos brutais utilizados para silenciar os críticos variavam de prisões em campos de trabalho forçado (gulags) até execuções sumárias. Sob Stalin, as purgas políticas se intensificaram, resultando em expurgos dentro do próprio Partido Comunista e a prisão de milhões de cidadãos acusados de atividades contra-revolucionárias. Essas ações criaram uma atmosfera de medo e suspeita, onde qualquer acusação de dissidência poderia levar a consequências fatais. A psicologia da repressão estalinista manipulou o medo em uma ferramenta eficiente e cruel, marcando a era como um período de terrível repressão e controle.

Compreender esse contexto histórico é essencial para avaliar como o governo soviético conseguiu implementar um sistema tão opressor, onde a liberdade de expressão era uma ameaça existencial e onde criticar o governo era tratado como uma grave doença mental que justificava punições severas.

A Psiquiatria Como Ferramenta de Repressão: Diagnóstico de Doenças Mentais

A “esquizofrenia lenta” era caracterizada por sintomas vagos e subjetivos como “delírios de reforma”, “revolta contra a ordem” e “incorrespondência emocional”. Essencialmente, qualquer comportamento que a URSS considerasse como ameaça ao comunismo poderia ser classificado como um sintoma desta doença inexistente. Médicos psiquiátricos, sob influência ou coerção do governo, diagnosticavam esses críticos seguindo critérios altamente manipuláveis e científicos.

Entre os notáveis casos documentados está o de Vladimir Bukovsky, um importante dissidente soviético. Bukovsky foi diagnosticado com esta condição em 1963, depois de criticar publicamente as ações do governo. Outros exemplos incluem os escritores Valery Tarsis e Natalya Gorbanevskaya, ambos internados em hospitais psiquiátricos por suas atividades políticas e literárias. Essas práticas de diagnóstico não se limitavam apenas aos opositores mais influentes, mas estendiam-se aos cidadãos comuns que ousavam manifestar discordância.

Além do impacto psicológico de ser diagnosticado com uma doença mental fabricada, as vítimas enfrentavam duras condições físicas. Internação forçada em hospitais psiquiátricos significava isolamento social, tratamentos inapropriados e, frequentemente, métodos autoritários que visavam a submissão total do indivíduo. Medicamentos antipsicóticos em dosagens elevadas eram comuns, resultando em efeitos colaterais devastadores e, muitas vezes, em danos permanentes à saúde física e mental das vítimas.

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Esses métodos desumanos de repressão não apenas destruíam a vida das vítimas, mas também propagavam um ambiente de medo entre a população. A psiquiatria, dominada e desvirtuada pelo regime comunista na URSS, tornou-se uma arma de controle social e política, demonstrando os extremos a que o governo soviético estava disposto a ir para manter sua autoridade incontestável.

A perseguição sistemática dos dissidentes incutiu um medo generalizado que sufocou qualquer forma de oposição ou pensamento crítico. A repressão extendia-se além das prisões e campos, impregnando a sociedade com uma constante sensação de vigilância e insegurança.

 

Transcrição adaptada do vídeo

O uso da psiquiatria para fins políticos, também conhecida como psiquiatria punitiva, era uma prática das autoridades soviéticas na luta contra dissidentes e ativistas dos direitos humanos, que consistia no abuso de diagnóstico psiquiátrico, tratamento e detenção em isolamento. A emissão de um diagnóstico psiquiátrico permitiu às autoridades evitarem o julgamento público dos dissidentes, enviando-os para hospitais psiquiátricos, sem julgamento e por tempo indeterminado. Além disso, declarar a dissidência como doença mental permitiu às autoridades evitarem a questão dos presos políticos.

 

Período Leonid Brejnev

Os abusos políticos da psiquiatria tornaram-se muito mais frequentes nas décadas de 30 a 50. Mas apenas na década de 1960, a psiquiatria se tornou um dos principais instrumentos de repressão na URSS, e só acabou no final da década de 80. A psiquiatria do período Brezhnev foi usada como uma ferramenta para eliminar oponentes políticos.

Uma pessoa internada, de acordo com as instruções da KGB, não tinha o direito à defesa, à utilização dos serviços de um advogado e à revisão periódica das decisões sobre internação involuntária.

 

Foram construídos um número cada vez maior de hospitais psiquiátricos. Assim, em 1935, existiam 33.772 leitos, já em 1974, aumentaram para 390 mil.

 

Cerca de 10% dos perseguidos eram representantes de movimentos separatistas. 20% eram pessoas que procuravam emigrar da União Soviética, geralmente descendentes de alemães que queriam voltar às suas origens ou judeus que queriam ir para Israel. 15% eram pessoas que buscavam liberdade e consciência religiosa. Ou seja, embora a legislação soviética garantisse formalmente a liberdade de consciência, na realidade havia restrições estritas e os crentes que difundiam suas visões religiosas, como por exemplo, católicos, ortodoxos, batistas, pentecostais e budistas eram sujeitos a processos criminais.

Além dos casos conhecidos de dissidentes políticos internados em hospitais psiquiátricos, havia conflitos locais entre cidadãos e funcionários do governo. Este tipo de repressão foi dado a pessoas que apresentaram queixas contra a burocracia e abuso das autoridades locais. Isso incluía pessoas que procuraram a justiça em conflito com os superiores no trabalho.

Na  psiquiatria punitiva soviética, os falsos diagnósticos recebiam o nome de personalidade litigiosa-paranoica, e esquizofrenia lenta.

 

Exclusividade da ditadura comunista soviética

Outros diagnósticos quase nunca foram dados aos inimigos do governo. O termo “esquizofrenia lenta” só foi usado na União Soviética. Foi criado por Andrey Vladimirovich Snezhnevsky. No âmbito do conceito de esquizofrenia lenta, qualquer desvio da norma pode ser considerado como esquizofrenia, com todas as consequências daí decorrentes para o sujeito, o que cria ampla oportunidade para abusos da psiquiatria.

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Andrei Vladimirovich Snezhnevsky , defensor do conceito de “Esquizofrenia de Baixa Progressão”, usada como sinônimo de “Esquizofrenia Progressiva” “Transtorno Esquizotípico”, “Transtorno de Personalidade Esquizotípica”, “Personalidade Litigiosa-paranoica” e “Esquizofrenia Lenta”

O serviço de segurança em hospitais psiquiátricos era realizado por oficiais e soldados. Muitas funções não eram claramente diferenciadas entre a administração militar e médica. Muitos chefes de departamento, médicos e enfermeiras eram oficiais militares.

A alimentação nos hospitais psiquiátricos era escassa, ruim e monótona. Os pacientes das prisões psiquiátricas recebiam ainda menos alimentos do que os presos normais.A razão disso era que a comida era roubada por enfermeiras, paramédicos, guardas e empregados. Além disso, todo o pessoal do hospital psiquiátrico também comia na cantina comum dos pacientes.

Os internos tinham que ficar constantemente na cama, sentados ou deitados. O espaço entre as camas era insuficiente para a circulação de pessoas.

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Havia falta de ventilação e falta de banheiros. As caminhadas diárias eram de uma hora, em pequenos pátios, totalmente desprovidos de vegetação e de qualquer equipamento esportivo. O tempo de caminhada era quase sempre reduzido arbitrariamente pela metade, a pedido da administração. Ao mesmo tempo, os “esquizofrênicos” eram submetidos a torturas; não só a espancamentos e choques, mas também a medicamentos desnecessários e contraindicados, como as injeções de sulfosina, que causavam dores musculares intensas, exaustão, imobilidade e necrose muscular. Simultaneamente, o uso de atropina, causava delírio transitório e febre alta. A insulina causava convulsões  e os antipsicóticos causavam tremedeiras e falta de equilíbrio.

 

A permanência em hospitais psiquiátricos era mais longa do que o período de internação da sentença

O tempo médio de permanência dos dissidentes em hospitais psiquiátricos era de dois anos. Porém, em alguns casos chegou a 20 anos.

Muitos dissidentes foram enviados para tal tratamento diversas vezes durante suas vidas. Muitas vezes, após receber alta de um hospital psiquiátrico, a pessoa era presa novamente.

Os preparativos para os Jogos Olímpicos de 1980 foram o motivo de uma onda de prisões que começou em 1979, e visava que os visitantes estrangeiros não se encontrassem com dissidentes.

As cidades onde aconteceram as Olimpíadas foram varridas de qualquer pessoa que pudesse destruir a imagem frágil de uma sociedade socialista harmoniosa. Alcoólatras, pessoas que levam um estilo de vida excêntrico e dissidentes foram presos em massa, e muitos deles foram colocados em instituições psiquiátricas.

 

Legado: destruição de vidas e impunidade

Internações prolongadas em hospitais psiquiátricos resultaram em distúrbios psicológicos persistentes e dificuldades sociais para aqueles que sobreviveram. Os sintomas eram sensação de fadiga, deterioração da concentração, excitabilidade, irritabilidade, pesadelos e um sentimento agudo de melancolia. Não existia centros de reabilitação para vítimas de tortura no país. O estado psicológico deprimido dos ex-prisioneiros foi acompanhado de medo da repressão, pobreza e falta de moradia.

Algumas vítimas da repressão política deixaram hospitais com graves danos físicos. Para Nicolai Sorokin, o uso intensivo de drogas levou à doença renal, que resultou em mortes. O jornalista Boris Dmitrievich Evdokimov sofria de câncer e foi internado em um hospital psiquiátrico. Lá não recebeu tratamento necessário e morreu.

Estima-se que o número de presos políticos de hospitais psiquiátricos foi de 15 a 20 mil. Do mesmo modo, calcula-se que cerca de um terço dos presos políticos na União Soviética foram internados em hospitais psiquiátricos.

Em conclusão, nenhum médico, militar ou burocrata foi preso ou punido pelo crime de internação compulsória de pessoas mentalmente saudáveis. Paliativamente, em 16 de março de 1992, foi aprovada uma lei que daria indenizações financeiras para as vítimas do uso da psiquiatria para fins políticos.
 
Assista abaixo ao vídeo:

 
 


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