Por que ditadores adoram embargos dos EUA?

Por que ditadores adoram embargos dos EUA?

História

 

 

De Cuba à Venezuela, sanções impostas pelos Estados Unidos são usadas por ditadores para reforçar o controle interno e justificar abusos

 

Ao longo da história recente, os embargos e sanções econômicas impostos pelos Estados Unidos a países considerados hostis ou autoritários geraram um efeito colateral perigoso: fornecer aos ditadores a desculpa ideal para endurecer seus regimes. De Cuba à Coreia do Norte, passando por Venezuela, Irã e outros, os bloqueios externos reforçaram a narrativa da ameaça estrangeira — e ajudaram a manter elites autoritárias no poder.

Neste artigo, analisamos exemplos históricos concretos e refletimos sobre os riscos de o Brasil entrar em uma espiral parecida.

 

Embargos: o presente que todo ditador adora

Os embargos econômicos são, em tese, uma forma de pressão contra regimes que desrespeitam direitos humanos, fomentam o terrorismo ou se opõem aos interesses estratégicos dos EUA. No entanto, na prática, o que se observa é o reforço da retórica nacionalista e do autoritarismo interno.

Ditadores exploram o embargo como uma forma de:

  • Unificar a população contra um inimigo externo;

  • Justificar crises econômicas causadas por má gestão interna;

  • Reprimir a oposição, alegando colaboração com potências estrangeiras;

  • Estender o tempo no poder com apoio emocional e simbólico do povo.

 

Exemplos históricos

 

Cuba

O embargo americano contra Cuba, iniciado em 1962, foi fundamental para o regime castrista consolidar sua narrativa anti-imperialista. A escassez generalizada foi atribuída aos EUA, e não ao fracasso do modelo comunista cubano. Resultado: o regime sobreviveu por décadas.

 

Coreia do Norte

Com sanções há décadas, o regime de Kim Jong-un transformou os EUA em um inimigo existencial. A propaganda local retrata o país como vítima heroica de uma conspiração global, enquanto mantém o povo em condições degradantes.

 

Irã

As sanções contra o Irã, especialmente após a Revolução Islâmica, alimentaram a retórica antiocidental dos aiatolás. A elite governante se fortaleceu internamente, mesmo com pressões populares esporádicas por reformas.

 

Venezuela

Desde 2010, o regime chavista usa os embargos americanos para justificar o colapso econômico e reprimir a oposição. Enquanto isso, milhões de venezuelanos fogem do país em busca de sobrevivência.

 

África do Sul (era do apartheid)

Embora o embargo internacional contra o apartheid fosse moralmente justificável, o impacto na população negra foi severo. A mudança só veio décadas depois — e a um custo altíssimo.

 

Iraque

Após os embargos dos anos 1990, o regime de Saddam Hussein continuou usando a retórica antiamericana para manter o controle, até que foi derrubado por uma invasão militar — o que gerou consequências ainda mais caóticas.

 

VEJA TAMBÉM: Vídeo: Como Usar A Democracia Para Acabar Com Ela Mesma

 

O risco para o Brasil

O  discurso de ameaça externa já começou a surgir no Brasil. Se o país seguir esse roteiro histórico, poderemos ver:

  • Endurecimento institucional em nome da “defesa nacional”;

  • Restrições a liberdades civis;

  • Criação de inimigos simbólicos internos e externos;

  • Blindagem de elites políticas sob o pretexto de soberania.

 

Conclusão

A história mostra que embargos econômicos, embora pensados como ferramenta de pressão, acabam fortalecendo exatamente aquilo que pretendem combater. Ditadores adoram embargos porque eles fornecem o pretexto perfeito para censurar, controlar e permanecer no poder.

O Brasil ainda tem escolha. Cabe à sociedade civil, à imprensa e às instituições democráticas resistirem à tentação do autoritarismo travestido de soberania.

 

 

 
Disclaimer: Este site apresenta notícias, opiniões e vídeos de diversas fontes. As opiniões expressas nos artigos são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não refletem necessariamente as opiniões do site ou de seus editores. SAIBA MAIS CLICANDO AQUI.
 

Deixe um comentário